Há 13 anos que Cecil era uma celebridade. Atingido por um arco e flechas, foi perseguido, ferido, durante dois dias, até ser finalmente abatido a tiro. Depois, arrancaram-lhe a pele e a cabeça.
Há 13 anos que Cecil, um leão de juba negra, era uma celebridade entre locais e participantes de safaris na região de Hwange, no Oeste do Zimbabwe. De resto, era muito provavelmente o mais conhecido leão do país.
Com um temperamento descontraído, era o alvo perfeito para as objetivas das câmaras fotográficas dos turistas estrangeiros que visitavam o Parque Natural de Hwange e, por isso, um contribuinte acima da média para a economia de um dos países mais pobres do planeta. Ficou também famoso no exterior por utilizar um colar com GPS - instalado por pesquisadores da Universidade de Oxford, para mapear e estudar os movimentos da população de leões da região.
Mas há algumas semanas um caçador por lazer tirou-lhe muito mais do que uma fotografia. Atingido por um arco e flechas, o grande leão foi perseguido, ferido, durante dois dias, até ser finalmente abatido a tiro. Depois, arrancaram-lhe a pele e a cabeça para serem guardados como troféus.
A morte de Cecil aconteceu numa caçada organizada por uma entidade autorizada: a Associação de Caçadores e Guias Profissionais do Zimbabwe. Mas persistem muitas dúvidas sobre a legalidade das circunstâncias em que o animal foi sinalizado e depois perseguido e abatido.
Acredita-se que o caçador tenha pago cerca de US$ 54 mil (R$ 180 mil) para os guias do parque para ter a chance de caçar o leão.
A entidade emitiu, no passado dia 14, um comunicado em que garantia que Cecil tinha sido morto "fora [do Parque Nacional de Hwange], em terra privada, num safari". Também confirmou que o caçador seria um membro da associação, de nacionalidade espanhola. Mas esta versão dos fatos não explica como o leão - que alegadamente teria uma coleira de identificação quando foi morto - foi considerado um alvo aceitável pelos caçadores.
por Pedro Sousa Tavares DN Globo