segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Em crise, Editora Abril desocupa prédio e leva junto busto do fundador

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"A decadência de um império da mídia"
Esta segunda-feira foi um dia melancólico para a Editora Abril, que edita a revista Veja; metade da sede do grupo, na Marginal Pinheiros, em São Paulo, foi desocupada e entregue à Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que alugará os escritórios para outros clientes; quem chegou para trabalhar não encontrou mais o busto de Victor Civita, o fundador do império, na recepção; em crise, Abril fecha revistas e demite em todas as suas áreas
Quem chegou para trabalhar na Editora Abril, nesta segunda-feira, teve uma surpresa. O busto do fundador do império, Victor Civita, não está mais na recepção do prédio, na Marginal Pinheiros.
O motivo: em crise financeira, a Abril devolveu metade do espaço para a Previ, fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, que é dona do empreendimento.
A Previ, agora, irá alugar o espaço para outros clientes corporativos e decidiu retirar o busto porque, aos poucos, a Abril se torna minoritária no local.
A crise financeira da Abril tem raízes tecnológicas (a migração do leitor para plataformas digitais) e econômicas (a disseminação de conteúdos gratuitos de qualidade), mas também editoriais.
Ao se engajar politicamente de forma inédita, tendo rodado milhares de exemplares da famosa capa de Veja 'Eles sabiam de tudo' para que a mesma fosse distribuída como um panfleto político, às vésperas de uma eleição presidencial, a Abril perdeu credibilidade e leitores – e ainda se viu forçada a publicar um direito de resposta no dia do voto.
Recentemente, a Abril anunciou o fechamento de revistas como a Info, que migrou para a plataforma digital. Cerca de 10 publicações foram transferidas para a Editora Caras. E os carros-chefe da editora, Veja e Exame, também vêm sofrendo cortes nas áreas editorial e comercial.